Autores: Patrick Vermersch; Matthew Scaramozza; Seth Levin; Raed Alroughani; Kumaran Deiva; Carlo Pozzilli; Jennifer Lyons;Oksana Mokliatchouk; Joe Pultz; Fatou N?Dure; Shifang Liu; Runda Badwan; Filipe Branco; Valencia Hood-Humphrey; Nathalie Franchimont; Jerome Hanna; Amir-Hadi Maghzi
JAMA Network Open. 2022;5(9):e2230439. doi:10.1001/jamanetworkopen.2022.30439
Introdução:
A Esclerose Múltipla de início pediátrico é rara, com incidência variando de 0,69 a 26,92/100.000 pacientes pediátricos, porém, crianças e adolescentes apresentam um curso com maior potencial inflamatório, maior taxa de surtos, mais comprometimento cognitivo e maior taxa de hospitalização que o observado nos adultos. Embora iniciar o tratamento com drogas modificadoras da doença (DMD) seja de fundamental importância, apenas o Fingolimode (FDA, EMA) e a teriflunomida (EMA) tem seu uso aprovado para a faixa etária entre 10 e 17 anos, sendo as demais medicações de uso off label.
Objetivos: Apresentar os resultados do estudo CONNECT (ClinicalTrials.gov NCT02283853), que compara a eficácia do dimetilfumarato (DMF) com o IFNß-1ª intramuscular (IM), em ensaio clínico randomizado de 96 semanas, avaliando eficácia, segurança e tolerabilidade.
Métodos:
Estudo aberto, cego, multicêntrico, randomizado 1:1, com duração de dois anos, incluindo 62 centros na Europa, América do Norte e Leste Europeu, utilizando as mesmas doses preconizadas para adultos. Foram incluídos pacientes entre 10 e 17 anos, peso maior que 30 kg, preenchendo os critérios para EMRR pediátrica (critérios 2013), com EDSS entre 0 e 5,5, com um ou mais surtos nos últimos 12 meses e RM demonstrando lesões compatíveis com EM ou lesões Gd+ nas últimas 6 semanas. Os parâmetros de eficácia foram: surtos, escore do EDSS, novas lesões na RM. Foram realizadas também analises quanto a segurança e aplicadas escalas de fadiga e qualidade de vida.
Resultados:
Foram randomizados 150 pacientes, com média de idade 15 anos (10-17 a), 67,3% sexo feminino, primeiro sintoma há 1,6 (0,8) anos. Dentre os pacientes que completaram o estudo58% e 79% estavam em uso de IFNß-1a IM e DMF respectivamente. O DMF demonstrou superioridade nos parâmetros radiológicos analisados, com maior proporção de pacientes sem o aparecimento/aumento de lesões em T2 (redução 62% em relação ao IFNß-1a IM). Os pacientes em uso de DMF tiveram um menor número de pacientes sem lesão Gd+ (75,8% vs 59,5%), porém, o resultado não foi estatisticamente significante. A população tratada com IFNß-1a apresentou um maior número de surtos (41,7% vs 32,1%), com a hazard ratio para surtos com DMF VS IFNß-1a 0.574. Após dois anos de estudo, a % de pacientes livre de surtos pela análise de Kaplan-Meier foi de 66% para DMF vs 52,3% para IFNß-1a, e a taxa anualizada de surtos de 0,53 vs0,84 (DMF VS IFNß-1a, p=0,006). Nenhuma diferença foi observada no EDSS ao final das 96 semanas. Os aspectos de segurança e tolerabilidade foram similares àqueles observados na população adulta para ambos os grupos. Embora com diversas limitações metodológicas, o estudo demonstra a superioridade do DMF sobre o INFIFNß-1a na população pediátrica.
Na população pediátrica com EMRR, o DMF demonstrou resultados significantemente melhores nos resultados clínicos e radiológicos, com uma boa relação custo-benefício. O estudo segue em andamento para que seja conhecida a resposta de longo prazo ao tratamento.
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