- Por Bctrims em 25 de Fevereiro de 2022
Resposta à Vacina COVID- 19 em Pessoas com Esclerose Múltipla
Resposta à Vacina COVID- 19 em Pessoas com Esclerose Múltipla
(COVID-19 VACCINE RESPONSE IN PEOPLE WITH MULTIPLE SCLEROSIS)
Tallantyre EC, Vickaryous N, Anderson V, Asardag AN, Baker D, Bestwick J, Bramhall K, Chance R, Evangelou N, George K, Giovannoni G, Godkin A, Grant L, Harding KE, Hibbert A, Ingram G, Jones M, Kang AS, Loveless S, Moat SJ, Robertson NP, Schmierer K, Scurr MJ, Shah SN, Simmons J, Upcott M, Willis M, Jolles S, Dobson R.
Ann Neurol. 2022 Jan;91(1):89-100. doi: 10.1002/ana.26251. Epub 2021 Nov 17. PMID: 34687063; PMCID: PMC8652739.
Justificativa
Na prática clínica atual as perguntas recorrentes entre pessoas com esclerose múltipla para nós especialista entre outras são: Doutor, posso tomar vacina para Covid19? Vou receber a medicação imunossupressora, quando posso tomar a vacina ? O tratamento para EM reduz o poder da vacina?
O artigo resumido este mês procura ser um guia prático para responder estas questões e que faz com maestria por meio de um estudo simples e direto porém com estratificação e detalhamento que o tema exige, pois temos pacientes recebendo diversos tipos de terapias modificadoras de doença e, por outro lado, diversos tipos de vacinas contra a Covid-19.
Objetivo
O objetivo deste estudo foi investigar o efeito das terapias modificadoras da doença na resposta imune às vacinas da síndrome respiratória aguda grave - Coronavírus 2 (SARS-CoV-2) em pessoas com esclerose múltipla (EM).
Métodos
Quatrocentos e setenta e três pessoas com EM forneceram uma ou mais amostras de sangue. Informações sobre a doença de coronavírus 2019 (COVID-19) e histórico de vacinas, histórico médico e de medicamentos foram extraídas de questionários e prontuários médicos. Amostras de sangue foram coletadas e testadas para anticorpos para SARS-CoV-2. Os títulos de anticorpos foram divididos em tercis com pessoas sem terapia modificadora da doença como referência. Calculou-se oddsratio de soroconversão (regressão logística univariada) e comparamos a resposta quantitativa da vacina (Teste estatístico Kruskal Wallis) após a vacina SARS-CoV-2 de acordo com a terapia modificadora da doença. Utilizou-se modelagem de regressão para explorar o efeito do momento da vacina, duração do tratamento, idade, tipo de vacina e contagem de linfócitos na resposta à vacina.
Resultados principais
Comparado a nenhuma terapia modificadora da doença, o uso de anticorpos monoclonais anti-CD20 (oddsratio = 0,03, intervalo de confiança de 95% [IC] = 0,01-0,06, p ?< 0,001) e fingolimode (oddsratio = 0,04; 95% CI = 0,01) ?0,12) foram associados a menor soroconversão após a vacina SARS-CoV-2. Todas as outras drogas não diferiram significativamente da coorte não tratada. Tanto o tempo desde o último tratamento anti-CD20 quanto o tempo total em tratamento foram significativamente associados à resposta à vacinação. O tipo de vacina predisse significativamente a soroconversão, mas não naqueles em medicamentos anti-CD20. Dados preliminares sobre a imunidade celular das células T mostraram que 40% dos indivíduos soronegativos tinham respostas mensuráveis de células T anti-SARS-CoV-2.
Conclusão
Algumas terapias modificadoras da doença apresentam risco de resposta sorológica atenuada à vacinação contra SARS-CoV-2 em pessoas com EM. Este estudo fornece recomendações para o manejo prático deste grupo de pacientes.
O presente estudo também demonstra o impacto do tipo de DMT, tipo de vacina e idade na resposta vacinal. Ele fornece evidências de alta qualidade para apoiar o aconselhamento para pessoas com EM e indica caminhos para estudos futuros, incluindo a necessidade de ensaios clínicos para orientar o aconselhamento sobre o equilíbrio de riscos e benefícios potenciais de suspender ou atrasar o tratamento.
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